Palácio da Justiça - Restauro das fachadas
  

O projeto de restauro das fachadas do Palácio da Justiça, aprovado pelos Órgãos de Preservação, abrangeu cuidadoso levantamento do estado de conservação por elas apresentado e a indicação das ações necessárias à recuperação das lesões e patologias identificadas, subordinadas a rigorosos critérios de preservação, referenciados às disposições das Cartas Internacionais que regulam tais questões.

Esta, no entanto, constituiu-se apenas na primeira etapa do trabalho, uma vez que, no transcorrer das obras, o indispensável acompanhamento técnico de restauro também foi - juntamente com a competente equipe de execução das obras e sua fiscalização - enfrentando e resolvendo as surpresas e problemas complexos que toda a atividade concreta de obras deste tipo apresenta, de modo a manter a coerência dos critérios de restauro, conseguir a efetiva recuperação das características e atributos do bem edificado e dotá-lo, ao máximo possível, de condições de sua conservação futura.

O trabalho começou com especificações e ações de lavagem das fachadas, com atenção especial para a limpeza das pichações que cobriam as grandes placas trabalhadas em granito rosa que guarnecem as bases externas das alvenarias, para, a seguir, ser procedido levantamento arquitetônico completo das fachadas, o mapeamento integral e o diagnóstico das inúmeras lesões que os revestimentos em massa raspada, bem como os ornatos e elementos artísticos agregados, apresentavam, incluindo os setores em sério risco de desabamento situados nas grandes cimalhas dos topos do edifício. Em função deste enfoque parcial imposto pelas circunstâncias, as especificações e diretrizes de restauro restringiram-se à recuperação das lesões verificadas nos revestimentos e elementos artísticos agregados e à consolidação estrutural das partes em risco.

Os levantamentos de campo mostraram três ordens principais de problemas: grandes painéis de revestimento em massa raspada íntegros, porém em processo de desplacamento; exposição de ferragens da armação das peças ornamentais de argamassa por infiltração de água e conseqüente oxidação; corrosão das fixações de ferro destas peças à estrutura interna de aço do edifício, por acúmulo de água infiltrada em seus vazios posteriores. Embora se constatasse certa perda de coesão da massa raspada do revestimento remanescente, a diretriz proposta foi de refixação por colagem através de injeção de adesivo. Nas partes destruídas ou lesionadas foi recomendada a reconstrução com massa de composição e cor semelhantes.Para as ferragens expostas indicou-se o lixamento, pintura protetora e recomposição do recobrimento. No caso das grandes peças de argamassa armada aplicadas às fachadas, todas de padrão repetido, determinou-se recomposição parcial ou troca total, a partir de moldes em silicone das peças em bom estado, vedação à infiltração e uso de novas fixações protegidas de corrosão.Um projeto especial associando iluminação externa e vigilância por sensores foi concebido, de modo a valorizar os atributos arquitetônicos do complexo, denunciando, através da própria luz a aproximação indevida de vândalos e pichadores.