Casarão da Rua do Carmo
  

O projeto de reciclagem do Casarão, restauro de sua fachada e de  concepção de nova edificação a ser a ele integrada, procurou dar resposta adequada a várias questões bastante peculiares.

Ao lado da necessidade de atender às famílias moradoras, proporcionando-lhes moradias com o mínimo indispensável de conforto e habitabilidade , cumpria enfrentar os desafios de preservação, integrando as novas obras aos antigos e históricos volumes e espaços pré-existentes, com todo o  cuidado e respeito por eles merecido.
As soluções adotadas foram discutidas e aprovadas em detalhe com os moradores, os quais deram todo o apoio às idéias de preservação e uso do conjunto contido no projeto, compreendendo plenamente seu significado.
Ficou inclusive decidida, coletivamente, pequena redução das áreas de todas as unidades, no sentido de permitir a liberação do térreo restaurado do Casarão para visitação pública paga, monitorada pelos próprios moradores, com a arrecadação destinada à manutenção do restauro. 
Assim é que foram previstos três volumes principais para as habitações. Um, novo, ao longo do terreno, abrigando a maioria das unidades, tendo alojados em sua cobertura os bens coletivos mais preciosos: as baterias de tanques. O segundo volume, que conformaria os fundos do Casarão, hoje bastante alterados, seria reformado e ampliado para receber mais algumas habitações. O pequeno saguão térreo, iluminado por uma clarabóia original de vidro e o pátio contíguo, onde se situava a grande sala interior, incendiada há alguns anos, exerceriam o papel de espaços de transição entre o velho e o novo, ao mesmo tempo em que poderiam ser utilizados, além da visitação pública, como áreas de atividades coletivas.
Por último, o volume principal do antigo Casarão, onde foi proposta, no térreo, a recuperação imediata dos espaços originais, constitutivos das salas da frente, do saguão da escada e da capela, aos quais se daria uso de caráter coletivo (reuniões da comunidade, sala de aulas e de trabalhos artesanais, etc...), recomendando-se seu futuro restauro.
O piso superior seria utilizado pelas poucas habitações restantes a localizar .
A área externa, livre ao longo do muro da Igreja da Boa Morte, seria ocupada por horta comunitária dos moradores.